> em processo
UARÊ é uma grande satisfação, um novo amor, uma nova pessoa; imaginado enquanto se corporifica em alterações químicas e plásticas que constroem uma outra existência, corruptela de Luara. A matéria de trabalho que apresento sou eu: o corpo é suporte para experimentações em dança contemporânea e investigações em pós-pornografia, se registra em selfie, desenho, texto, ganha contorno de realidade e me convoca a ser quem sou.

As práticas de dança contemporânea, que têm por eixo principal respiração, percepção, criação e sustentação de estado, convocam o movimento como elaboração física, parte fundamental do exercício criativo: corpo é memória. Castiel Vitorino diz que pensamento é movimento, então novos movimentos são a possibilidade de outros erros nunca antes errados. O corpo em movimento é a matéria para o desenho e a escrita. O corpo em movimento é um corpo em transição.
Os diários, registros de processos e cartografias autoperceptivas, permitem traçar uma trilha na construção desse corpo que realiza e encarna o próprio fazer artístico. São registros da passagem do tempo, as questões e os signos que permanecem e se transformam através da produção e me materializam em propósitos, definições, nomes. Tornar diários e autorretratos públicos é parte da urgência em expor subjetividades, medos e angústias – assim como dançar.