Artista trans não binário, gorde, autodidata, autônomo, 31 anos, natural de São Paulo, vivendo o isolamento social em Ilha Comprida, município que está com seus acessos viários fechados. Artista multimeios, o corpo é seu material de criação, culminando em desenho, texto, dança e performance. Citando JeisiEkê de Lundu, em seu episódio de “Desaquenda”, série de Cuceta Produções: “entendo o corpo enquanto suporte para criação de arte, que pode expressar-se e colocar suas insurgências de forma escultórica ou pictórica, mas essas outras linguagens são adereços desse corpo, o corpo em si é a linguagem”.
Uarê, nome-corruptela, passa a ser público durante a quarentena de 2020 após longa fermentação, movimento de assumir identidade de gênero - é preciso enunciar e criar signos para a não-cisgeneridade. Assumo esse nome como eu-processo artístico em progresso, que marca um momento desde a ruptura entre eu e identidade Luara, e também a continuidade de pesquisa e interesses: gordura, prazer, autorretrato, relações de alteridade. Experiências de alterações químicas, de humor e personalidade com vitamina T, próteses plásticas para expansão do corpo e dos desejos, tentativas bem sucedidas de adaptações físicas e etimológicas para caber-me.